domingo, 13 de junho de 2010

LIII

Por muito
e muito tempo
serei triste
a noite já não é mais feita para dormir
o turbilhão rouba as horas
na decadência uma rosa se fecha
as pétalas voam em outra estação
o coração aberto inutilmente
como quem não escuta a batida do próprio vácuo

por muito
e muito tempo
serei triste
os homens e seus estranhos interesses
a vida na falta do diferente
me perderei na chama apagada da aurora
nas mãos que envenena o coração
nos pensamentos cegos que revelam a ingratidão
e há pessoas sugando o sangue de meu grito

por muito
e muito tempo
serei triste
não há mais o gozo que outrora equilibrava
os dedos se cortam em riscos de sangue
castrando o mundo na insensibilidade
desenho com afoiteza este céu triste
na fortaleza do peito que resiste
transgredindo o reflexo do mar em mim

por muito
e muito tempo
serei triste
e se no aberto coração
ascender uma vida
infame, demente, delirante
com gemidos empolgantes
desconfiarei com certeza
dos sonhos que revelam o amor.

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