terça-feira, 29 de junho de 2010

LVIII


Suave é o delírio nos olhos
como a lua a flutuar pelo céu
e as estrelas a procurara do caminho do mar
numa queda exuberante que transforma sonhos em ouro.


Suave o desespero perdido nas ondas
o tempo num segundo de amor
e o fogo ainda está se derretendo nas mãos
num orgasmo a beira do Mar sem fim.

Suave é o vento selvagem
que brinca com as salivas em frases desertas
na espera da dama que abre as conchas
aprofundano o mistério silencioso que a aurora escondeu nas nuvens.

Suave as sombras que passeiam nos sonhos
peles roubam o tempo dos relógios
pensamentos incertos fugidios como a pluma que as mãos não podem abraçar
e os pássaros voam a buscar.

domingo, 27 de junho de 2010

LVII

João Antonio..Um personagem de um livro que estou trabalhando....


Nasci em um dia qualquer, fui andando pelas ruas depois que minhas pernas cresceram, perdi um braço e a minha liberdade buscando os meus sonhos, a verdade, é que as coisas foram acontecendo e quando vi estava dado ao infinito. Hoje conto a minha história, como algo que nunca será lembrado, com duvidas se um dia alguém poderá lê-la, com o esquecimento em minha memória, com desconfianças e sem crenças nos homens. Talvez tenha me libertado da obsessão de melhorar o mundo, mas ainda hesito em me libertar? Não conseguirei esquecer os dias e as noites de frio que passo e a pele às vezes que se desiste de si tocar, evitando até mesmo as necessárias masturbações, como quem não quisesse acordar. Já fui uma das pessoas mais esperançosas do mundo, mas devo por motivos indeterminados ter desistido de amar.
Sinto as mãos imensas, do tamanho dos sonhos, é uma imensidão de palavras perdidas em instantes incompreendidos nasce. Os homens sempre buscam entender as coisas, e a cada tempo o vazio toma conta dos motivos que encontram, como se as idéias que iludem tivesse respostas satisfatórias, nos agarramos a elas, formando verdades mudas de experiência e um desprazer avista na aurora.

terça-feira, 22 de junho de 2010

LVI

ZÉFIRO

O sopro solitário
num aspecto pesado passa rindo.
Percebe a sabedoria de voar livre de mundos
como a noite pura na loucura.

entende os motivos que degradam a espécie humana
que se distanciem com o vento.
As pessoas tropeçam indeterminadas
vegetais na miséria que criam.

Vê o peito se cansar das mediocridades dos dias.
o ar se puxa com força
quase esquece os pulmões vazios.

As canções em sombras
a enfeitiçar de encanto natural
e os artistas resistem.

domingo, 13 de junho de 2010

LV

Sou um amante do mistério
a chuva irrita os ouvidos
deixa o peito preso
no oco cavo das salivas
e o silencio se tranca
do mar surge mãos feitas de chama
para inspirar novos dias.


no mundo das negativas que formo
não há o amor
os dedos acorrentados no teclado
nenhum corpo esticado nos meus
desenho a apatia dos olhos
e o sol não precisa se levantar amanhã.

Serei para sempre esquecimento
e poderia ter este poema quatro frases:
a indiferença se formou
no dia que a flor desabou,
do peito,
e num vácuo gemido do ar.

LIV

Cabe a nós não repousar em nenhum lugar
somos homens da dor
mentimos, tropeçamos, caímos, resistimos
A cada nascer do sol uma nova aurora se levanta
fingimos no tempo rindo do amor,
Somos grandes artistas trapaceiros.


Traçamos as linhas efêmeras da vida
devoramos as amantes sedentas de desejos
engolimos os vermes que rastejam em nossos pés
cuspimos no mundo
e inventamos as calunias.

Somos feitos de maldade.
Seres humanos!
invejamos os invejosos
sentimos forte a pulsação do peito
trancamos as salivas em dias de orgias
voamos no vento, como pássaros sublimaremos.

Damos vazão à emoção
somos apaixonados pela a vida na perversidade das traições
traímos para mostrar quem somos
e a libertinagem reina absoluta
no dia que envenenamos a paz em nós.

LIII

Por muito
e muito tempo
serei triste
a noite já não é mais feita para dormir
o turbilhão rouba as horas
na decadência uma rosa se fecha
as pétalas voam em outra estação
o coração aberto inutilmente
como quem não escuta a batida do próprio vácuo

por muito
e muito tempo
serei triste
os homens e seus estranhos interesses
a vida na falta do diferente
me perderei na chama apagada da aurora
nas mãos que envenena o coração
nos pensamentos cegos que revelam a ingratidão
e há pessoas sugando o sangue de meu grito

por muito
e muito tempo
serei triste
não há mais o gozo que outrora equilibrava
os dedos se cortam em riscos de sangue
castrando o mundo na insensibilidade
desenho com afoiteza este céu triste
na fortaleza do peito que resiste
transgredindo o reflexo do mar em mim

por muito
e muito tempo
serei triste
e se no aberto coração
ascender uma vida
infame, demente, delirante
com gemidos empolgantes
desconfiarei com certeza
dos sonhos que revelam o amor.

LII

Barco

Hoje não quero ver o mundo
se paga um preço muito alto pelos sonhos.
Será suportável todo o desafio?
Há a coragem no coração para seguir a viagem.

Caminhos sinuosos de lua cheia
as mãos tremulas,
feito os galhos secos
A noite deserta ardendo a pele
os pés se furam desistindo do peso.

Conchas vazias que se enroscam no casco
fico parado no meio do nada
um oceano fosco marasmado
As águas se abrem
parece que algo se levanta para me engolir.

No fundo o azul celeste do céu,
pintado na orla das estrelas
a vida gritada na morte.
O Mar chora a distancia das mãos
o mergulho adiado pela a noite sufocante.

Os olhos ainda na superfície
barreiras das mentes humanas
as mesmas ofendem
e destrói os peitos.
O julgo da história dos amantes.

São nos tempos marítimos e solitários
que se cria os motivos mais ordinários.
É o medo do amor
para sempre suicidas de frases mortas
E a loucura reintegrada as águas.

Um vento forte no cais
há saudades das fotografias que queimam.
E coisas inexplicáveis passam entre os dedos
é como sentir o suspiro silencioso do pulmão,
a mortalidade dos dias que os deuses não podem viver.

Viajantes em naufrágios
inventaremos o amor para brincar
há os limites fúteis do amar
as ignomias na partitura do existir,
esquecendo do mundo em um.

De repente golfinho pelado rindo,
como se divertisse de nossas caras nostálgicas.
Enquanto pessoas se afundam na pele
destro das orquestras desafinadas
fixo os olhos no caminho.

Sigo infeliz na musicalidade das ondas
O balanço é profundo no viver
Se virar o barco ao som do mar
não sei, continuo a navegar
feito as gaivotas do norte...

LI

Vertigem

Enlouqueci em um sonho
e os pés dormem acordados.
Tudo cerca o vento.
Anomalias estranhas passam com nomes de homens
o movimento mudo retarda o olhar
O nome das coisas inexistentes.

Acredito em dar nome ao mundo
correndo com os braços abertos.
Mas os vazios ensinamentos morais,
deixa improfícuo o que sinto.
Mudo corro descalço
sem as mãos que rabisca os dias.

E este tempo que me atropela,
os desejos fúteis que me ataca,
as ignomias humanas das quais me alimento,
a miséria de tudo que abandono,
o amor bandido que lhe prometi,
Não entendo! O homem em mim feito de pele.

A pior loucura é aquela que não se perde a razão
feito de água são os meus sonhos
vertigens no corpo abismado,
na alteridade morro vivendo.
Mudo dos olhos o encontro com a vida,
já não sei se esta é a minha sabedoria.

Um dia me cortei pelo o mundo
Mas são os homens que não entendem
do sangue jorra e se esparrama como a água.
Também não entendo porque pessoas bebem
das águas vermelhas do amor
enquanto o poeta morre.

L

Silencie vozes estúpidas.
quero me concentrar no barulho do Mar
em tudo que assombra o coração
nas dores de amores que louco sinto.
As crianças se jogam ao mundo
rindo como se fossem psicopatas.

Silencie mundo burguês
e as noites prisioneiro de suas horas.
O Mar quer dormir enquanto as corujas gritam
e ficam a voar pela cabeça.
As mãos descansam no vento
saltando infinitamente ao abismo.

Silencie oh corpo cansado
espere com paciência o sol nascer
se giram a cabeça para ti roubar
é que o sopro das ondas é maior que se esperava.
Já é hora do coração se dividir
com o tempo tudo fica leve.

Silencie punhal grande e profundo
humanos na ganância do dinheiro,
não há noite que não dou o salto
por cima de suas inúteis facas.
Ar suave de rolar na areia
não vê a sombra efêmera que cravastes em meu peito.

Silencie sonhos errantes
os homens não pode ti entender
nem os vadios da noite.
E o que adiantaria
tantas palavras jogadas ao acaso.
És um mistério!

XLIX

Não acredito no amor.
Sou muito simples para tanto
mas não leve a mal
é apenas o peso do corpo
as experiências nas mãos
os segredos da vida
e a noite silenciosa em fantasias.

Não acredito em nada.
apenas aceito que fique por perto
acariciando a alma desesperada
sentido o cheiro da chuva ao amanhecer do dia
correndo pelada na rua da madrugada solitária
cantando canções estranhas que leva o corpo a bailar
apenas fique por perto.

Às vezes sinto.
Mas também não quero acreditar,
como questionamos tudo
vivemos pesados pela tonelada da consciência
estragamos a noite com a imaginação nos pensamentos.
Fornicamos no mundo
e agora apenas rimos disso.

Acho que às vezes acredito na solidão
é difícil amar o vazio que se levanta do Mar.
Os homens terão mãos para a dor?
Serão felizes na escuridão?
O que importa!
O que importa agora
as mãos que corre para o nada.

XLVIII

Olha, doce flor, leve contigo as lágrimas que o poeta jogou ao Mar
leve estes versos de cristal para que cristalize em seu coração
um louco desejo pela a vida
pegue também um botão da rosa do meu jardim
para que dele nasça a mais bela melodia.

Não se esqueça das cartas de amor que em meu quarto guardo
dentro de garrafas de vidro que um dia jurei jogar ao firmamento
em mim cada gota destas garrafas exprimem mundos
continuam para sempre embriagando os mendigos
levantando os defuntos
matando as autoridades
desafiando os deuses
desorientando a gramática
e amando a vida.

Olha, doce flor, leve contigo as lágrimas que o poeta jogou ao mar
Veja, pelo meu corpo corre a doce música que prometi para ti
desejo errante de uma noite em que as salivas sussurravam na pele
e as mãos correm ao corpo
imaginando as tempestades que um dia hão penetrar
nos sonhos.
No instante que um silencio escaldante avista o mar
que se reveste entre as pernas.
avista o rouco gemido que recitaste nos ouvidos
avista o amor que um dia guardei
num pequeno momento de loucura.

Que os corpos se transformam
numa breve e estranha história
de amantes no oceano
as estrelas despencam do céu
batem no mar,
como se escutasse os gemidos
que em seu corpo penetra

XLVII

Eu nunca mais escreverei
o que vejo é profundo e triste
os meus olhos são leve
junto um sorriso de criança
como posso falar do mundo
se nos sonhos o tempo é ainda por viver

Não quero manchar as mãos
nem perder tempo com paixões
talvez arriscar nos versos um gozo
os meus problemas são ainda impensáveis
o homem em mim irreparável
e todos se matam por tão pouco

As pessoas não vivem as palavras
as palavras também soam mortas
como o vôo dos pássaros solitários
os homens marcham mortos
pequeninos em seus joguinhos de amor
Enfim, o mundo está morto.

Amantes carentes de versos
pessoas sozinhas na rua
silenciosas estradas sem amor
o frio matando os mendigos,
pessoas trancadas no quarto
o coração também não se abre na aurora.

As mãos desobedientes andam só
como corpo não pensa
abandona o artista e seus pensamentos
planos para o futuro não faz
mente ao mundo um traidor
ri os sonhos do homem.

XLVI

Pare silêncio
há um labirinto trancada
preso a pele demente
uma monstruosa solidão
não posso mais acompanhar
mundano é o varão em mim
os passos estão desafinados
há o erro, a calunia e a discórdia
no corpo feito de sonhos.

Deixe silencio
a beleza intacta
não desfolhe a rosa no ar
perto do Mar que me engole
há um lugar deserto
onde nem é preciso caminhar
as lagrimas solta os olhos
há um homem trancado em mim.

Olhe silencio
são confusas as noites na sua presença
o peito bate
e a esperança parte
roubaste a aurora
para ascender a chama do céu.
Nos intragáveis dias uma melodia
se revolta no inútil amanhã que se levanta.

Sei Silencio
são só sombras irreconhecíveis
em um mundo sem pecado
mas com a ganância e a miséria
toda a dimensão do ser em círculos
gira oh bola de fogo
cai como as estrelas
tacando fogo no mundo.

Devore silencio,
lentamente, os segredos inabaláveis,
com os rastos amargos da voz
desenhe a infeliz miséria humana
Das mãos insustentável que se lance uma gota de sangre
como um sopro de divino ardor
destranca o homem em mim silêncio
de velas para a loucura.

sábado, 12 de junho de 2010

XLV

I

Sou poeta e vadio
Vejo em meu toque a minha força
Desenho em volúpia o mundo
uso todos os pedaços do meu corpo na guerra do amor.

Na minha casa a prostituta é rainha
Os deuses estão mortos
As autoridades esquecidas
Não há aspas na minha vida.

Sou poeta...
Sou vadio....

Sou um poeta vadio
Mas, por favor, não me confundam
com os olhos da moral

A civilização em decadência
contendo o corpo.
"Bota pra fude" com o sistema
desista do mundo da hipocrisia.
Viva aos desejos.

Sou poeta...
Sou vadio...

Espero com paciência os seios
que em minha boca vão derreter.
Salivas trancadas voam ao ar
O grito efêmero não se desfaz.

Espero na impetuosidade do ocaso
Na decadência dos dias
Na volúpia e na loucura

Sou poeta...
Sou vadio...

Espero por cinturas que dance entre minhas pernas.
Não tenho tempo para o amor
aceito a condição insustentável de minhas mãos.

O delírio que destrona o homem
A imaginação em mil fantasmas tarados
Deixo a porta do coração aberta
para brincar, apenas para brincar...

Sou poeta...
Sou vadio...

Para aqueles que querem se envenenar de meu remédio
não force a loucura
deixe o pênis ereto, os cus abertos

deixe qualquer boceta em lágrimas
como se o mar tivesse despertado
num choro ao dia do gozo....

Sou poeta...
Sou vadio...

XLIV

A Redescoberta de Prometeu

Estou voltando lentamente a mim
é bom se refazer em um longo sonho
as coisas se explicam por si mesmas
mas tudo é confundido, como o sinal da cruz
não há mais perguntas a responder
não há respostas que satisfaça o devaneio

Olhe os pensamentos insólitos
tudo levita e a cabeça voa
os pequenos insetos esquecem do sangue da pele
graças a Deus que esquecem.
A onda do Mar se fortifica
e a criança não mais chora a falta da mãe.

Agora no silêncio
a burguesia para de explorar o meu corpo
livre na madrugada para escrever.
A lua fica engraçada com suas sinuosas curvas
as estrelas gravitam junto das invisíveis linhas que a segura,
não há uma única mulher nos versos.

Sozinho no mundo
num corpo no apogeu da vitalidade
bate uma vontade louca de fazer sexo,
mas sexo não existe no mundo das palavras
quero a pele aqui nas minhas mãos devaneadas
que se ascenda as velas da loucura.

Acumula mortos na minha história
como é difícil ficar velho.
Tenho medo de mim mesmo
dos homens tenho pena
as vezes nem isto,
mas os versos são para os mergulhadores das profundezas.

Chego a ficar cego
e graça aos deuses ninguém nasce homem
se usamos este nome feio
é que algum idiota o colocou
e as criança não tem sexo
e o homem não tem gênero.

Estou rindo da burguesia
há um arco-íris na escuridão
e o coração em gelo chora
com as lágrimas esquecidas ao canto
e os vultos reaparecem
são os fantasmas que me persegue.

Chega de escrever
os defuntos não se assustam mais
é como se a noite tomasse outro rumo
e um pequeno amor ameaça surgir na canção
no balanço há um fantasma carinhoso
indo para lá e para cá se despede do homem em mim.

Estão chamando
Se os anjos pudessem ler estes versos
ficariam tristes por não verem a luz na sombra da noite
o valor que tem o tempo,
infinito, na eternidade das mãos.
Por que está repleto de passarinhos cantantes ao meu redor?

Voam feitas loucas as pequeninas crianças.
Eu não consigo parar de pensar
como deixei os pensamentos irem embora sem mim
a imaginação em neve,
as vazias alucinações,
Os seios e as salivas que nela gozava.

O coração fatigado
a noite em trabalho duro
os olhos abertos querendo fechar nos sonhos.
Cansados de tantas razões
os trabalhadores esquecem do mundo em um segundo de amor.
A fome e a miséria estampada na cara das pessoas
e os ricos guardo com desprezo.

Apenas lembro do gosto da sua pele
a riqueza que dela jorrava.
Agora posso dormir
esquecer das noites de pesadas vigílias
aquecer a sua pele
e agradecer Prometeu, o Deus do esquecimento.

XLIII

Tenho duas imaginações
que não entendo muito bem
dizem coisas o tempo todo
se contradizem e se conciliam
são até muito férteis para o meu desespero.

Tenho um coração em pedaços
que não entendo muito bem
dividido entre os mesquinhos ensinamentos humanos
e um salto para além do homem
são até muito férteis para ao meu desespero.

Tenho um sonho nas mãos
que não entendo muito bem
deve ser por isto que as letras flutuam
isolando o homem do mundo
são até muito férteis para o meu desespero.

Tenho algo de caótico que fica ouvindo coisas
é tanta confusão num silencio absurdo que me mata
mas é mais ou menos assim
que vejo as coisas que vejo
que sinto o peito em ruína
que absorvo águas transparentes de amor.

XLII



Pessimismo

Quero que a noite passe
o vento dissipe as ruínas do tempo
a lua se esconda
as estrelas desapareçam
o Mar se acabe
o inferno queime as mãos do poeta
que o homem morra!
e o mundo se vai com você dentro dele.

XLI

Não lhe convidarei para morrer comigo
não morrerei sozinho.
Os homens andam tristes
e há tempo ainda para viver.

Os dias são sonhos vazios
me dê um cheiro que lembre a aurora.
Num mundo vejo outros mundos
encontro comigo esta noite.

Sou a indeterminada pluma das paixões
um pequeno sopro do amanha.
O vento que sopra no peito
voa para longe esta noite.

Argila de areia nas mãos
arquitetura do mundo em sombras.
Acredito que os sonhos me sustenta
acredito apenas por acreditar....

XL

Há uma cor no fundo dos olhos
é toda negra de luz,
não importa a aparência que dela se inventa
todos os olhos são obscuros.

Giram em volta de si
minúsculos no recinto trancado no rosto.
um movimento imundo a roubar o Mar
chamando-o de homem.

Criam nomes com o olhar
imagens as praias, areia e desertos colossais
Todas as dores do mundo em um pequeno fragmento.
O egoísmo foi criado em cada Olho.

XXXIX

Quero lhe trazer de volta
ao mundo dos vivos.
Doce fantasma que em minha porta bate.

Quero ressuscitar o grande amor perdido
em um toque leve da mãos
com traço marcado da terra
lentamente nú a seu corpo

Quero lhe trazer de volta para fobia
junto ao vento que sustentou o imenso salto,
exaltar a vida que veio como uma rosa.

Quero ver na boemia um sorriso a altura
relaxar o corpo
e as duas maças que sustentas como peito.

Quero lhe trazer de volta na melodia
chegou a hora da orgia
dançar a valsa que nos braços se rendia,
cantar a música que outrora elevaria.

Quero que o seu grito no escuro
salte para dentro dos homens,
conquistando os corações solitários
fazendo queimar os peitos mesquinhos.

Quero lhe trazer de volta,
mas às vezes acho que quero partir com você,
para longe do mundo da covardia.

Quero ir para bem longe da hipocrisia,
deixar os espinhos sangrar na pele,
esquecer o tempo longe das horas
flutuar no ar sem pára-quedas.

XXXVIII

No cio


Ela corria pelada
Ela corria pelada na rua 
Ela corria pelada na rua gritando
Ela corria pelada na rua gritando descalça
Ela corria pelada na rua gritando descalça descabelada
Ela corria pelada na rua gritando descalça descabelada tremendo
Ela corria pelada na rua gritando descalça descabelada tremendo de frio
Ela corria pelada na rua gritando descalça descabelada tremendo de frio no meio
Ela corria pelada na rua gritando descalça descabelada tremendo de frio no meio do nada
Ela corria pelada na rua gritando descalça descabelada tremendo de frio no meio do nada na chuva,
Ela corria pelada na rua gritando descalça descabelada tremendo de frio no meio do nada na chuva, como um animal em pedaços
Ela corria pelada na rua gritando descalça descabelada tremendo de frio no meio do nada na chuva, como um animal em pedaços no cio.

XXXVII

Deixo as portas abertas
para que o mundo venha
que entre os loucos
que entre os subjucidas
que se achegue os terroristas
e que no sono parta os sonhos.

Deixo as portas abertas
para que a imaginação flutue para fora do lar
para que nas noites só um raio bata frente a porta
para que ela chegue mansinho tirando as minhas roupas
para me envenenar de solidão
e que os fantasmas não se esqueçam do meu endereço

Deixo as portas abertas
para avistar de longe a rosa
para não secar as pétalas do coração
para que as lágrimas não alaguem o quarto
para que o mundo não me espie no escuro
e a lua cai sobre as janelas

Deixo as portas abertas
para não levantar para abrir
para não usar as mãos em outro oficio
para que me vejam tendo orgasmo dormindo
para que os versos não fiquem solitários
e para respirar o ar puro que me cerca.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

XXXVI

Se o que penso
voltar em palavras
encontrarei com a loucura
fria e lentamente.

Se o que penso
gritar no mundo
posso ser ouvido
como tolo numa parte dos homens.

Se o que penso
Fica guardado na escuridão do Mar
não descobriremos
o porque da incompreensão.

Se o que penso
se agrupa em silencio
nos mundos solitários
a imaginação não se calará diante das oferendas.

XXXV

A face da fotografia

O que me faz falta
não é o seu Ser
que divino é ainda por desnudar

O que me cega
não é o amor
pois ainda amo sem saber amar

O que me toca
não é uma lágrima
é um sonho intenso que não sabe chorar.

O que me intriga
não são seus olhos
são as nuvens vermelhas do seu olhar.

O que me invade
não é o seu grito
é o sorriso melancólico parado no ar.

O que brilha
não é o seu rosto
é a áurea intensa neste seu olhar.

O que me descontrola
não é a sua face
são as fumaças de luzes do dia a raiar.

O que me atrai
não é o silencio
é o movimento dos dedos a ti procurar.

O que me rouba
não é uma noite
são as mãos em chamas a ti tocar.

O que vejo
não é o seu rosto
é um mundo de sombras para moldar.

O que tenho
não é o seu corpo
são os olhos fixos no seu olhar.

XXXIV

Breve canção ti busca
feito delírios do mar
em noites insanas.

Suave como as mãos que senti
em gemidos de montanhas
o vento passa rindo

O amor pode brotar?
Distantes dos limites humanos

das pequenas incompreensão fugaz dos destinos
em seus desfiladeiros.

XXXIII

Parte em silêncio uma voz
incompreendida nas mãos que deliram
como folhas de águas ao vento
indeterminada no desespero.

Incerta no amor resiste
ao ciclos de patotas de ruas
imprópria para os moralistas
e injusta com egoístas.

Demente nas mãos
infame como os subjucidas.
nos sonhos se realiza
ao Mar do sabor da pele.

Parte cigana na magia
alta nas montanhas
como traços da lua marcando o céu
em cada segundo que caminha.

O homem resiste ao acidente que é a civilização
em suas vindas e idas
em cada grito que escuta.
longe dos jatos supersônicos da modernidade....

XXXII

Suave como as ondas em delírio
passos de plumas perdidas
ao encanto do ar
flutuando ao som dos desfiladeiros.

Tristes são os homens em suas correrias
nas quedas que inventam sonhos.
Sopro distante num peito cheio de vida
uma canção profana.


Desfaço do homem em mim
resistindo as banalidades do dia-a-dia
como quem vive para nascer a cada momento
num grito de infinitas horas..

XXXI

Flutua com as mãos versos
delirando na pele vermelha
cor dos desejos carnais
cor de revoltas em bandeiras.

A esquerda do mundo esquecido
em sistemas de ganâncias
em frases aberantes
em ilusões mediocres da história.

A volúpia da noite incerta se veste em preto
como a aurora dos campos
em seus perfumes de rosa
em seu luto no desespero do amor.

Eleva ao Mar as palavras
distantes das mãos em delírios
descrente das ideologias humanas
um pássaro celeste que enfeitiça com a lua.

XXX

Eleve ao alto como o ar diáfano do peito
deixe as mãos flutuarem no delírio
como as sombras brincando com os raios
em seus desfiladeiros de aventuras.

Sinta forte as batidas de seus dias
em um copo, numa transa, na loucura de ser você
livre feito os pássaros das multidões
suave nos labirintos das canções.

Devore o aroma dos sonhas
em petálas suave a voar
em gemidos infames a gritar
como o Mar em suas ressacas.

Perca-se nos dias da volúpia
autêntico como o silêncio
feitos de desenhos ao giz na chuva
que rouba a aurora da noite ao dia...