domingo, 30 de maio de 2010

XXIX

Este grito silencioso
devora a alma
no vento, nas águas,
na vastidão do Ser.

Este mesmo que passa,
explode pelas as mãos
nú no delírio surdo
que resiste ao instante.

Este que abomina as grades humanas
que corrói a musica na batida do peito
que decepa as máscaras em todos os cantos
e as ilusões que se corrompem com a insanidade.

Este demônio.
Deserto na solidão.
Vazio para o mundo
nos olhos que se encontra.

XXVIII

No meio do nada
um poema preso à goela dentro
os homens em jaulas de vidro
as mãos esquartejadas
com medo na cara do mundo.

A noite sombria na neblina
o tempo parado nas mãos
um homem que caminha sozinho
nos bolsos papeis avulsos
de velhas fotografias mortas

Há metais luminosos a volta
num brilho intenso que cega
matando lentamente os sonhos
o coração também é feio em sangue
o barulho do trem no olhar.

Um silêncio irritante de suicida
fosco vento abismado
se paro frente ao céu o barulho aumenta
sai do túnel monstros humanos
com a lua esquecida em lágrimas.

As sombras apagadas da noite
apagado também o misterioso coração
pessoas em caminhos distintos
o tempo preso ao cartão
E um mundo que tira o sono dos poetas
no meio do nada.

XXVII

Se de repente chegasse de madrugada.
arriscando as cartas num peito misterioso
contagiando o mundo
investido entre as pernas.
Seria amor, seria loucura, seria qualquer coisa
do momento no meu colo.

Se de repente nos sonhos acordasse
viria nua para nos braços se agasalhar,
valsa-ria a valsa dos corpos no desejo
enlouqueceria a alma
a beira Mar em desespero.
Suspiraria gozos com gemidos escaldantes.


Se de repente as frases entendessem,
e escutasse forte
o grito robusto.
Correria agora para os braços
Seria um corpo colado no outro
e as entranhas insanas no devir
como duas ondas que se encontra em pedaços....

segunda-feira, 24 de maio de 2010

XXVI

Exijo um tempo diferenciado
sem as dores de atores
sem o medo que segue as mãos humanas
com momentos incompreendidos
e sombras sinuosas.

Exijo os amores gritando
nus nas orgias,
sem pressa nos sonhos
e que as pessoas parem
para viver.

Exijo o mundo pleno nas ilusões
as alteridades solitárias em silencio
um fogo intenso nas paixões.
um movimento mudo aos desejos
o orgasmo sem ressaca
cheio de turbulências aquecidas.

Exijo noites fortes e profundas
o céu azulado e espelhado de estrelas
a lua cheia de mistérios
feitiços nas preces dos bruxos
a natureza intacta na sabedoria
e os homens perdidos nas metamorfoses.

Exijo mesmo que seja longo o orgasmo
que os prazeres sejam indizíveis
a selvageria estendida aos olhos
as nuvens derretidas
num sorriso de salivas.

Exijo tudo sem pressa
o coração na volúpia da emoção
Lentidões de conquistas
destruídas em loucuras
e entorpecidas nos delírios
junto com o riso da chuva escorrido ao Mar.

Exijo os versos exagerados
as distrações momentâneas da noite
o grito nu do mundo
os animais no homem
se revoltando ao desfiladeiro da civilização
e a pluma voando na leveza do ar

Exijo os moralistas distantes
pessoas pervertidas nos seus desesperos
o solidão desabando ao mundo
como quem desliza na ventura
com sopros feitos de caminhos.

XXV

Noite insônica
perfeito autismo nas mãos
que corre na melodia safada
sem horas, nem beira, nem era.

O vento de desespero
fica a rir com a suavidade do tempo
nuvens escassas em sombras
soprando orvalhadas que se derreti aos olhos vermelhos.

Lento é o abismo que caímos
brincando no silencio das fantasias
explodindo no peito aos delírios.

A metamorfose nos mata
alteridade muda no acaso
gritando aos homens: amem!

domingo, 23 de maio de 2010

XXIV

silencioso é o olhar que ti busca/
como os raios da noite no mar/
iluminando aqui e ali as sombras/
do sorriso ao encanto das águas/.

silenciosa és beleza de rosas marinhas/
que gritam da profundeza inutilmente/
numa natureza indizível/
que homem nenhum pode entender./

silencioso são os olhos fixos
loucos delírios das paixões
que para frente as nuvens em desenhos..

rabiscando lentamente o desejo
na volúpia da aurora
que brota com as mãos...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

XXIII

raios de estrelas sinuosas
lembras dos delírios,
oferendas ao mar,
dos desejo em volúpia
que arrepiam a pele ao toque
de mistérios em sonhos de amantes.


Lua sorri ao crepúsculo
como a morada cheia de pássaros
o desfiladeiro de orgasmo
o grito imune que resiste
num desespero de atrações da pele
que entardece aos ombros singelo.


És o fogo das plantas nativas
suspenso de ondas
com o cheiro do mato queimando
nos seios a boca perdida
como experientes nuvens em desenhos.
As sombras ficam a rir
e o vento no ar das paixões.


O abismo encanta a queda
contempla as plumas ao simples voar
vai e vem de bocas
e tudo fica demente
singelo em sua beleza
em salivas que deslizam ao ar.