quarta-feira, 31 de março de 2010

XX

Fogo

Não sabíamos se estávamos voando,
ou se éramos estrelas cintilantes
deslizantes do céu,
nem se olhos eram nuvens
que lacrimejavam em outros olhos.
Chegamos em fogo pelo mar.
E nos instantes insensatos em que as chamas se aqueciam,
aterrorizando as águas e formando um furacão
vi seus sentimentos partirem no ar.
Era no vento que as mãos deretinham,
no forte gemido da sua pele.
Os corpos em pedaços como as conchas que se abrem,
se em alguns instantes faltava ar,
ficava voando em círculos pétalas vermelhas
que lembrava o amor
de seres perdidos em chamas,
queimando as regras do coração.
Não há mais no peito a rosa que morreu,
o tempo queima todas as crenças,
os fundamentos humanos pequenos calcanhares de Aquiles,
as verdades estão todas mortas
e as salivas escorem pela a pele
aquecidas levemente pelo o fogo que alimenta a vida.

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