quarta-feira, 31 de março de 2010

XVIII

2007
Busca

I

Agora livre para escrever
mas a vida presa,
como as gotas do frasco vazio.

II

Novamente a busca vã de ti
inútil é o caminho
e a forma que acredito ter
sombras apagadas.
Se sou sol, sou mar, sou água
são mentiras de outras existência.
A minha matéria é corpo
No suplico da morte um verme passeia na boca.
Um ser que lhe come
algo incompreendido
como a água
só que não escorre de noites sem vida.

III

Esqueci um dia minhas mãos num lugar deserto
acreditava que lá estava o amor
eram as invenções diárias da contenção.
Queria eu viver mais um pouco,
ou era só uma desculpa do caminho.
Não sei o que era
Sei que não era eu naquele corpo
roubaram de mim a sorte
e não era a morte que temia
apenas tremia em noites vazias
era pela a falta de versos que jazia
agora encontro comigo
e será eu este o caminho
o único que ainda não segui.

IV

É Deus a mentira do mundo
a breve gota de lágrima.
O céu derrama feito vulcão
são as larvas que lavam a alma
derreti nesta pequena tarde de sol
e o mar seca a minha pele
Vejo agora águas puras na transparência
São apenas os olhos que vê
O corpo não sente
pois os sentidos são diferentes
o toque e o cheiro
a audição e o paladar
são de ritmos diferentes
é como existir em vários tempos da salivas.
entendam agora a minha sabedoria.

V

Se me pego feito água
é que dos olhos ela escorre
as mãos ela refresca
os ouvidos ela aniquila
o nariz ela afoga
e o corpo ébrio se derrete em seu passar
Sou água em toda a extensão de meu corpo.
mas a água não é eu
ela é infinita no mar
em um corpo efêmero que a engole.

VI

Ainda parto indeterminado
o lápis um pedaço de mim
não tente me descobrir
e não perca tempo com você
é tudo muito simples
as coisas acontece assim
indefinidas assim
Lembro do aroma da infância
eu era a sopa servida na escola
um gosto que nunca mais senti
a existência é o sentir dos gostos
viva como quem vive para sentir.

VII

São cinco mãos que tenho
uma para amar
a outra para desprezar
a terceira não sei ainda
a quarta é meia louca
e a quinta uma caneta.
VIII

Se meus cinco sentidos falassem
mas é meia fosca a cor do céu
cada dia vejo de uma forma as aventuras humanas
é tudo sem governo
para não falar desgovernado
o caos é o mundo
e ele se chama Homem.

IX

A esta regra tenho que escapar
mas porque me colocaram na escola
mataram o animal em mim
e colocaram um monstro em seu lugar
Este monstro se chama Homem
agora posso me desfazer
serei para sempre anti-humanista
sem filantropia nas mãos
sem hipocrisia no coração
a falsidade é a doença do século
e ela se encontra na superfície
a mentira, a inveja são as calunias da noite
para sempre subjucida
para sempre versos negros de dor.

X

Ficarei parado aqui
antes que o sol nasça e me preencha com sua luz
nem mais um passo
a noite é meu nome
que se consuma as metamorfoses
agora o corpo decide por si mesmo
não há o uno em mim
minhas mãos nega a consciência
e o devaneio se esgota
com a breve gota da chuva.

XI

Estalo os dedos na dor
quebro os copos na noite
gosto de barulhos excêntricos
espinho os pedaços dos dias
as pessoas se cortam por migalhas
a miséria é o Homem nas suas condutas moralista
e mas nada posso fazer.

XII

Era uma possa lamacenta
os olhos de barro
escuro canto na lama
silêncio se fim me ame
na boca que respira
nenhum sentido senti
já se acaba a busca
e o mundo em brejo me parte.

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